Conhecendo o autor,  Curiosidades

Sylvia Plath – Conhecendo o autor

Sylvia Plath é considerada uma das grandes poetas norte-americanas e, após ler “A redoma de vidro“, quis conhecer um pouco mais sobre a autora.

Sylvia Plath

A redoma de vidro

A personagem Esther em “A redoma de vidro” parece ter sido inspirada na própria vida da autora, a obra inclusive é considerada uma semibiografia.

Assim como a personagem, a autora também teve uma vida conturbada e sofreu depressão. Tentou suicídio duas vezes e chegou a ser internada em uma clínica psiquiátrica.

“A Redoma de Vidro” foi o único romance escrito por ela e também o último.

Sylvia Plath cometeu suicídio no ano de 1963, algumas semanas após a publicação do romance.

O suicídio

Com 30 anos, na noite que dizem ter sido a mais fria do ano de 1963, a poetisa Sylvia Plath suicidou-se.

Ela colocou os filhos para dormir na sua casa em Londres, deixou pão com manteiga e leite na mesa de cabeceira deles, protegeu a porta do quarto e desceu para a cozinha, onde deu fim a própria vida.

Túmulo de Sylvia Plath

O suicídio a tornou ainda mais conhecida e fez dela uma espécie de “mito”. Então, infelizmente, sua escrita talentosa foi colocada em segundo plano e sua vida pessoal, principalmente conjugal, se tornou conhecida e falada.

O casamento com o também famoso poeta Ted Hughes, parece ter sido cheio de traições, maus tratos e solidão, o que a tornou uma vitima da infidelidade do marido.

Portanto, após o suicídio, seu talento foi deixado em segundo plano e os motivos que a levaram a isso ganharam destaque.

No filme “Annie Hall” há uma frase que fala bem sobre o que isso se tornou:

“Uma boa poetisa cujo trágico suicídio foi interpretado como romântico por uma mentalidade adolescente.”

Frase do filme “Annie Hall” sobre o suicídio de Sylvia Plath.

Essa passagem de “A redoma de vidro” chama a atenção sobre a forma como ela via o futuro e suas escolhas:

“mas escolher um deles significava perder todos os outros e, enquanto me sentava ali, incapaz de decidir, os figos começaram a enrugar e a apodrecer e, um a um, eles se lançaram ao chão sob meus pés.”

Trecho de “A redoma de vidro”, de Sylvia Plath.

Outras obras de Sylvia Plath

Poesia era a vocação e a forma de expressão de Sylvia Plath.

Diagnosticada com depressão clínica, ela usou a poesia para expor e, de certa forma, entender sua própria mente. E, por ser algo tão profundo e íntimo, é difícil não se sentir tocado de alguma forma por seus textos.

Por exemplo, ela escreve sobre o sentimento de vazio falando em “Branco é a tez da mente”.

O Colosso

Seus poemas foram reunidos em uma coleção chamada “O Colosso” e é uma leitura bastante impactante.

“Os fontanários secaram e as rosas murcharam.
Incenso de morte. O teu dia aproxima-se.
As peras engordam como pequenos budas.
Uma névoa azul arrasta o lago.

Moves-te através da era dos peixes,
Os séculos presumidos do porco –
Cabeça, dedo do pé e da mão
Saem da sombra. A História

Nutre estes caules quebrados,
Estas coroas de acantos,
E o corvo assenta-lhes as vestes.
Herdas tempo puro, a asa de uma abelha,

Dois suicídios, os lobos da família,
Horas vazias. Algumas estrelas áridas
Já amarelecem os Céus.
A aranha no seu próprio fio

Atravessa o lago. Os vermes
Abandonam as suas habitações comuns.
Os passarinhos convergem, convergem,
Trazendo presentes para um nascimento difícil.”

O jardim da casa de campo, presente em “O Colosso”

Ariel

Dois anos depois de sua morte, foi publicada uma coleção de poemas que a autora escreveu durante os meses antes de sua morte.

O título dessa coleção é “Ariel” e é considerada a obra prima de Sylvia Plath.

A autora parece ter colocado toda a sua dor na poesia e fez isso tão bem que é possível sentir essa dor em suas palavras.

Veja esse trecho de “Lady Lazarus”:

“Morrer
É uma arte, como tudo mais.
Nisso sou excepcional.

Faço parecer infernal.
Faço parecer real. Eu
Acho que pra mim é natural.

Fazer isso numa cela é muito fácil.
Fazer isso escondida é muito fácil.
É a volta teatral

Já em pleno dia
Ao mesmo posto, mesmo rosto, mesmo grito
Entretido, brutal:

“Um milagre!”
Que me põe a nocaute.
Há um preço

Pra ver minhas cicatrizes, há um preço
Pra ouvir meu coração –
Ele bate mesmo”

Ela fala sobre o desejo de morrer e as tentativas de tirar a própria vida.

Como nesse trecho no começo do poema:

“Sou uma mulher sorridente
Tenho apenas trinta anos
E como o gato, posso morrer nove vezes”

Seus poemas foram, e continuam sendo, estudados e essa forma crua de lidar com os sentimentos se tornaram uma inspiração para autores que abordam temas considerados pesados.

Família

Foto de Sylvia e o marido, Ted Hughes.

Com a morte de Sylvia, o marido herdou suas posses e foi acusado de impedir que alguns de seus trabalhos fossem publicados.

Em 16 de março de 2009, o seu filho Nicholas Hughes (biólogo marinho e professor universitário), em consequência de uma depressão, também cometeu suicídio.

Diários

Sylvia Plath escrevia em diários com frequência, desde os 11 anos, até o seu suicídio.

Os diários dos seus anos na faculdade foram publicados pela primeira em 1980. Um pouco depois a faculdade recuperou algumas partes faltantes, mas o marido de Sylvia não os liberou para publicação.

Porém, em 1998, pouco antes de sua morte, passou esses diários para os filhos Frieda e Nicholas, que os entregaram para serem editados e publicados.

Então, nos anos 2000, os Diários de Sylvia Plath foram publicados pela editora Anchor Books, com o título The Unabridged Journals of Sylvia Plath.

Após a publicação, Hughes foi criticado fortemente por ter destruído a última parte dos diários, que abrangiam a fase do inverno de 1962 até a morte da autora.

Ele afirmou que destrui esses diários para proteger os filhos, já que, segundo ele, era algo muito pessoal e cruel sobre a mãe das crianças.

Filme

A autora foi representada por Gwyneth Paltrow no filme “Sylvia – Paixão além das palavras”.

Na história há uma grande ênfase na relação entre Sylvia Plath e seu marido.

Como eu disse no post sobre filmes com personagens escritoras, quero muito assistir esse filme, mas ainda não encontrei onde está disponível. Se você souber, deixa nos comentários, por favor.

Homenagens na música

A banda escocesa Belle and Sebastian homenageia a autora em uma música chamada “Enter Sylvia Plath”

E a cantora Lana Del Rey compôs a música “Hope Is a Dangerous Thing for a Woman Like Me to Have – but I Have It“. A primeira ideia de título para a música foi “Sylvia Plath” mas depois a cantora alterou o título.

Para saber mais de Sylvia Plath

Se você, assim como eu, se interessou pela história da autora e quer conhecer mais sobre ela, acredito que a melhor maneira seja começando por ler seus livros.

  • Nesse link você confere todos os livros da autora.
  • Aqui você confere minha resenha sobre “A redoma de vidro”.
  • Aqui você confere a edição de “Os diários de Sylvia Plath”.
  • E aqui “Ariel”, considerada a obra-prima da autora.

E então, se interessou também sobre a história de Sylvia Plath? Bem forte, né?

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