Roald Dahl, o autor de livros da nossa infância
Roald Dahl. Já ouviu falar dele? Você pode até não reconhecer o nome, mas com certeza conhece suas obras.
Quer ver?
A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda, As Bruxas, Os Gremlins, O Bom Gigante Amigo e James e o Pêssego Gigante. Todos são livros do autor Roald Dahl.
Então vamos conhecer um pouco mais sobre esse autor de histórias que marcaram a infância de muita gente?
Biografia de Roald Dahl
Roald Dahl nasceu no País de Gales em 1916 e faleceu em 1990. Se tornou conhecido na década de 40, principalmente por causa de seus livros infantis, muitos dos quais ganharam filmes muito famosos depois.
O seu nome, Roald, é uma homenagem ao explorador norueguês Roald Amundsen (líder da primeira expedição a chegar ao Polo Sul e, na época, era considerado herói nacional na Noruega – os pais de Roald eram noruegueses).
Algumas perdas marcaram a infância do autor. Quando Roald tinha três anos, sua irmã de apenas sete, Astri Dahl, morreu de apendicite. Poucas semanas mais tarde, seu pai Harald também morreu, vítima de uma pneumonia.
Sua mãe poderia voltar à Noruega para viver perto dos seus parentes, mas escolheu ficar na Grã-Bretanha para que os filhos estudassem em escolas inglesas como o marido gostaria. Assim, Roald estudou na Escola da Catedral de Llandaff.
Mas, aos 8 anos, Roald e quatro amigos foram agredidos pelo diretor com um bastão depois de aprontarem uma “brincadeira” pesada: colocaram um rato morto em um pote de doces. A mãe de Roald achou (com toda a razão) que a punição foi exagerada e o tirou da escola.
Então, aos nove anos, Roald Dahl foi enviado para Saint Peter’s School, um colégio particular na cidade de Weston-super-Mare, onde estudou de 1923 até 1929.
A partir dos treze anos, foi educado na Repton School, em Derbyshire, onde foi ajudante de prefeito, se tornou capitão da equipe escolar e começou a se interessar por fotografia.
Chocolates…
Enquanto estava em Repton, a fábrica de chocolates Cadbury enviava ocasionalmente caixas de novos produtos à escola para que fossem provados pelos alunos. Dahl gostava de imaginar que um dia inventaria uma nova barra de chocolate que surpreenderia o senhor Cadbury. Essa experiência serviu como inspiração para escrever seu segundo livro infantil, Charlie e a Fábrica de Chocolate.
Durante a época escolar ele costumava passar as férias de verão na Noruega. Sua infância é o tema do livro autobiográfico Boy: Tales of Childhood.
Vida adulta
Após terminar a escola passou a trabalhar na empresa petrolífera Royal Dutch Shell. Então, após dois anos de treinamento no Reino Unido, foi transferido para o lugar que hoje é a atual Tanzânia.
Só havia ele e mais dois empregados da Shell em todo o território, então ele viveu luxuosamente na Shell House, com um cozinheiro e ajudantes pessoais. Mas também enfrentou ataques de formigas e leões, entre outros perigos locais.
Em 1939 ingressou na Royal Air Force (RAF), sendo aceito para o treinamento de voo com outros dezesseis homens, treze dos quais morreriam em combate aéreo mais tarde. Mas Dahl se surpreendeu ao descobrir que não seria treinado em combate aéreo nem em como voar os Gloster Gladiators, que era sua vontade.
Acidente
No dia 19 de setembro de 1940, Dahl voou de Abu Suweir, Egito, até Amiriya para recarregar combustível, e dali para Fouka, na Líbia, para uma segunda carga.
Daí então ele voaria até a pista do esquadrão 80, 50 km ao sul de Mersah Matruh. Mas, no trecho final, ele não conseguiu encontrar a pista e, com pouco combustível e com a noite caindo, foi forçado a tentar uma aterrisagem no deserto.
Mas as coisas não saíram bem e o trem de aterrisagem bateu em uma rocha e o avião caiu.
Roald fraturou o crânio, rompeu o nariz e ficou cego. Antes de desmaiar, ele ainda conseguiu se afastar do avião em chamas. Anos mais tarde, ele escreveu sobre seu acidente em seu primeiro trabalho publicado.
Uma investigação foi conduzida pela RAF sobre o acidente e descobriu-se que o local informado para o voo estava completamente errado, ele tinha sido enviado a uma zona entre as forças britânicas e italianas.
Dahl foi resgatado e levado a um posto de primeiros auxílios, onde recuperou a consciência, mas não a visão.
Recuperação
Depois foi transferido para o hospital da Royal Navy em Alexandria, onde se apaixonou por uma enfermeira, Mary Welland, que foi a primeira pessoa que enxergou ao recuperar a visão, depois de oito semanas de cegueira.
Os médicos disseram que ele não poderia mais voar, no entanto, cinco meses depois, já em 1941, recebeu alta e voltou às missões de voo.
Dahl esteve em combate e, sozinho contra seis bombardeiros, conseguiu derrubar um. Todas as histórias desse período foram descritos depois no seu livro autobiográfico Going solo.
Mas ele só começou a se dedicar realmente à escrita em 1942, quando foi transferido para Washington, DC como Adido Militar Aéreo. Seu primeiro trabalho publicado, que apareceu na edição do Saturday Evening Post do dia 1 de agosto de 1942, foi um conto chamado Shot Down Over Lybia (“abatido na Líbia”), falando do seu acidente no deserto.
Curiosidade: O título original em inglês era A piece of cake, mas foi mudado para causar um efeito dramático.
A família Dahl
Roald Dahl se casou com a atriz americana Patricia Neal em 1953 na Trinity Church, em Nova Iorque. O casamento durou 30 anos e eles tiveram cinco filhos: Olivia (que morreu de sarampo e encefalite em 1962, aos sete anos), Tessa, Theo, Ophelia, e Lucy. Então, ele dedicou The BFG a filha Olivia após a morte dela, e posteriormente se tornou um defensor da imunização.
Mas as tragédias não pararam por aí… O filho dele, Theo Dahl, com apenas quatro meses de vida na época, ficou gravemente ferido quando seu carrinho de bebê foi atingido por um táxi em Nova Iorque. Então, durante um tempo, ele teve hidrocefalia, e seu pai se envolveu no desenvolvimento de um dispositivo que ficou conhecido como válvula de “Wade-Dahl-Till” (ou WDT), usado para aliviar a condição.
Continuando com as dificuldades: em 1965, a esposa dele, Patricia Neal, teve três aneurismas cerebrais enquanto estava grávida da quinta criança, Lucy. Então, Roald Dahl cuidou da sua reabilitação e, depois de algum tempo, ela reaprendeu a andar e falar.
Eles acabaram se divorciando em 1983 após o casamento se tornar turbulento, e, em seguida, ele casou com Felicity (“Liccy”) d’Abreu Crosland, 22 anos mais nova que ele.
No entanto, a outra filha, Ophelia Dahl, é diretora e cofundadora da Partners in Health, uma organização sem fins lucrativos. E Lucy Dahl é roteirista em Los Angeles. A filha de Tessa, Sophie Dahl, neta de Roald Dahl (que foi a inspiração para Sophie, a protagonista do livro do avô The BFG) é modelo e escritora.
A morte de Roald Dahl
Roald Dahl morreu em novembro de 1990, aos 74 anos, de uma doença sanguínea rara, Síndrome mielodisplásica, em sua casa, Gipsy House, em Buckinghamshire, e foi enterrado no cemitério na igreja paroquial de São Pedro e Paulo. Em homenagem a ele, a Roald Dahl Children’s Gallery foi aberta em um museu em Aylesbury.
Em 2002, também em homenagem a ele, uma praça de Cardiff foi rebatizada de “Roald Dahl Plass” (“plass” quer dizer “praça” em norueguês).
A viúva do autor deu continuidade às ações de caridade de Dahl nos campos de neurologia, hematologia e alfabetização através da Roald Dahl Foundation.
E, em 2008, a organização de caridade do Reino Unido Booktrust e o autor Michael Rosen inauguraram o The Roald Dahl Funny Prize, um prêmio anual para autores de ficção humorística infantil.
Suas obras
O primeiro trabalho publicado de Roald Dahl foi Shot Down Over Lybia, que foi comprado pelo Saturday Evening Post por mil dólares e impulsionou sua carreira de escritor.
Mas o primeiro livro para crianças, “Os Gremlins“, que trazia pequenas criaturas malvadas que faziam parte do folclore da RAF, foi publicado em 1943. O livro chegou a ser comissionado por Walt Disney para a produção de um filme, mas não se realizou.
No entanto, Dahl continuou criando algumas das histórias infantis mais amadas do século XX, como A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda e o Pêssego Gigante.
Contos para adultos também!
Mas ele não ficou só nas histórias infantis! Paralelamente, Roald Dahl teve uma carreira de sucesso também como escritor de contos macabros para adultos, que geralmente tinham humor ácido e finais surpreendentes.
Muitos desses contos foram originalmente escritos para revistas norte americanas, como Ladies Home Journal, Harper’s, Playboy e The New Yorker, e depois o autor os reuniu em antologias, recebendo então aclamação mundial. Dahl escreveu mais de sessenta contos, que foram em várias coleções, mas algumas só foram publicadas em forma de livro após sua morte.
Um dos seus contos para adultos mais famosos, The Smoker (também conhecido como “Man from the South“), foi filmado como um episódio de Alfred Hitchcock Presents, e também adaptado por Quentin Tarantino no filme de 1995, Grande Hotel (Quatro Quartos em Portugal). E também a coleção de contos Tales of the Unexpected foi adaptada para uma série de TV com mesmo nome e que fez enorme sucesso.
Roteirista
Além disso, por um breve período nos anos 60, Dahl escreveu roteiros, com relativo sucesso. Dois que se destacaram foram o filme do James Bond “Só Se Vive Duas Vezes” e Chitty Chitty Bang Bang, sendo ambos adaptações de romances de Ian Fleming.
Como roteirista, Dahl também escreveu um esboço para a adaptação do seu livro A Fantástica Fábrica de Chocolate, mas foi reescrito por David Seltzer e usado no filme de 1971. Mais tarde ele renegou o filme.
Após sua morte, o autor recebeu crédito póstumo pelas letras das músicas na trilha sonora do filme na versão de Tim Burton em 2005, já que várias das canções que Dahl escrevera para o livro foram usadas com a música de Danny Elfman no filme.
Controvérsias de Roald Dahl
Nem só de virtudes e conquistas vive um autor.
Em 1983, Dahl escreveu uma resenha de God Cried, de Tony Clifton’s. Tratava-se de um livro de fotos sobre a invasão israelita do Líbano ocorrida em 1982 que retratava israelitas matando milhares de habitantes de Beirute e bombardeando alvos civis.
Na resenha, Dahl disse que aquela invasão foi quando “nós todos começamos a odiar Israel” e que esse livro de Tony Cliffon’s tornaria os leitores “violentamente anti-israelenses”.
Depois ele declarou, numa tentativa de se justificar: “Eu não sou antissemita. Sou anti-Israel“.
Ainda em 1983, Roald Dahl deu a uma repórter a seguinte declaração: “Há um traço no caráter judaico que de fato provoca animosidade… Quer dizer, tem sempre uma razão para anti-qualquer coisa aflorar em qualquer lugar; até um fedido como Hitler não implicava com eles simplesmente sem motivo”.
Anos depois, o autor incluiu um episódio amigável sobre refugiados judeus alemães em seu livro Going Solo, e se declarou oponente da injustiça, não dos judeus.
Obras publicadas
Agora vamos a um resumo das obras publicadas de Roald Dahl, os que se tornaram filmes estão indicados.
Você pode conferir todas as obras do autor disponíveis aqui!
Literatura infantil
- The Gremlins (1943)
- James e o pêssego gigante – no original James and the Giant Peach (1961) – Filme: James and the Giant Peach (live-action/animated) (1996)
- A Fantástica Fábrica de Chocolate – no original Charlie and the Chocolate Factory (1964)[a] – Filmes: Willy Wonka & the Chocolate Factory (1971) e Charlie and the Chocolate Factory (2005)
- O Dedo Mágico – no original The Magic Finger (1 Junho de 1966) – Filme: The Magic Finger (animação)
- O Fantástico Sr. Raposo – no original Fantastic Mr Fox (9 de Dezembro de 1970) – Filme: Fantastic Mr. Fox (animação) (2009)
- Charlie e o Grande Elevador de Vidro – no original Charlie and the Great Glass Elevator (9 de Janeiro de 1972) – Sequela do Charlie and the Chocolate Factory[a]
- Danny, o Campeão do Mundo – no original Danny, the Champion of the World (30 de Outubro de 1975) – Filme: Danny the Champion of the World (filme de TV) (1989)
- O Crocodilo Enorme – no original The Enormous Crocodile (24 Agosto de 1978) – Filme: The Enormous Crocodile (animação)
- Os Pestes – no original The Twits (17 Dezembro de 1980)
- O Maravilhoso Remédio de Jorge – no original George’s Marvellous Medicine (21 Maio 1981)
- O BGA: O Bom Gigante Amigo – no original The BFG (14 Outubro de 1982) – Filmes: The BFG (animação) (1989), The BFG (2016)[1]
- As Bruxas – no original The Witches (27 Outubro 1983) – Filme: The Witches (1990)
- A Girafa, o Pelicano e Eu – no original The Giraffe and the Pelly and Me (26 Setembro 1985)
- Matilda – no original Mathilda (21 Abril 1988) – Filme: Matilda a espalha brasas (1996)
- Agura Trat – no original Esio Trot (19 de Abril de 1989) – Filme: Roald Dahl’s Esio Trot (2014)
- O Vigário de Mastigassílabas – no original The Vicar of Nibbleswicke (9 Maio 1990)
- Os Minpins – no original The Minpins (8 Agosto 1991)
Poesia infantil
- Historinhas em versos perversos – no original Revolting Rhymes (10 de Junho de 1982)
- Dirty Beasts (25 October 1984)
- Rhyme Stew (21 September 1989)
Contos
- Mrs.Bixby and The Colonel´s coat
- Over To You: Ten Stories of Flyers and Flying (1946)
- Someone Like You (1953)
- Lamb to the Slaughter (1953)
- Kiss Kiss (1960)
- Twenty-Nine Kisses from Roald Dahl (1969)
- A grande artimanha – no original Switch Bitch (1974)
- A Incrível História de Henry Sugar e outros contos – no original The Wonderful Story of Henry Sugar and Six More (1977)
- The Best of Roald Dahl (1978)
- Contos do imprevisto – no original Tales of the Unexpected (1979)
- More Tales of the Unexpected (1980)
- Roald Dahl’s Book of Ghost Stories (1983). Edited with an introduction by Dahl.
- The Roald Dahl Omnibus (Dorset Press, 1986)
- Two Fables (1986). “Princess and the Poacher” and “Princess Mammalia”.
- Ah, Sweet Mystery of Life: The Country Stories of Roald Dahl (1989)
- The Collected Short Stories of Dahl (1991)
- The Roald Dahl Treasury (1997)
- Great Automatic Grammatizator (1997). (Known in the US as The Umbrella Man and Other Stories).
- Skin And Other Stories (2000)
- Roald Dahl: Collected Stories (2006)
Referências
Clica aqui para conferir a história de outros autores!
Beijos e até mais <3
