Fahrenheit 451, Ray Bradbury
Fahrenheit 451 é um desses clássicos que quem ama livros deveria ler ao menos uma vez, no entanto pode ser perturbador perceber que é uma possibilidade real. No romance conhecemos um futuro distópico em que livros são proibidos e pensar e ter opiniões próprias é considerado desnecessário e antissocial.
Acompanhamos Guy Montag, um dos “bombeiros” que na história não apagam mais incêndios pois as casas possuem um revestimento à prova de fogo. Em Fahrenheit 451 os bombeiros são responsáveis pela queima de livros e da casa onde eles são encontrados.
Inclusive, o nome do livro se refere a temperatura em que o papel queima em graus Fahrenheit (que equivale a 233 graus Celsius).
Esse bombeiro leva sua vida sem questionar a realidade em que vive. Queima livros e casas sem se perguntar o motivo. Até que conhece uma pessoa muito diferente, Clarisse, uma jovem que observa e questiona tudo ao seu redor e o faz, pela primeira vez, refletir sobre coisas que ele nem sequer olhava. Como o céu, a lua, as folhas e os programas de televisão a que todos assistem hipnotizados.
Outro acontecimento que faz Montag despertar é uma “infratora” da lei antilivros que prefere ser queimada junto com seus livros a mergulhar nessa vida de ignorância. Ele começa a pensar o que teria levado essa mulher a ter essa atitude extrema, o que pode haver de tão importante em livros?
Apesar de ser um livro curto, não é de forma alguma uma leitura rasa ou leve. Tem momentos de tensão pois acompanhamos o despertar de Montag e sua consequente revolta contra esse sistema opressor.
Personagens secundários
A história se foca principalmente na evolução do personagem principal, mas os personagens secundários também são muito interessantes e falar sobre cada um deles renderia horas de discussão.
A esposa de Montag, Mildred, é a personificação de uma sociedade adormecida e sem nenhum senso crítico. A forma como ela e suas amigas falam da vida, de filhos e qualquer aspecto da vida é absurdo.
O chefe dos bombeiros, Capitão Beatty, é outro personagem muito interessante. É um ex-leitor que se decepcionou e usa seu conhecimento literário como base para rebater pensamentos críticos. E o mais importante: como ninguém lê nessa sociedade não há quem possa debater em igualdade de argumentos com ele.
Há outros personagens interessantes, é realmente impressionante como se pode extrair reflexões de um livro curto como esse (cerca de 216 páginas).
Contexto histórico e avaliações de Fahrenheit 451
Fahrenheit 451 foi escrito nos anos iniciais da Guerra Fria, nos porões de uma biblioteca em uma máquina de escrever alugada.
Por muitos anos o livro foi avaliado como uma crítica a censura, mas o autor já declarou que sua intenção não era falar sobre censura especificamente, mas sobre como as atrações televisivas podem acabar com o interesse pela leitura, o que por sua vez, criaria uma sociedade que não saberia pensar por si só.
O autor disse também que, com esse livro, gostaria também de mostrar o quanto amava livros e bibliotecas. Inclusive, Montag seria inspirado nele mesmo.
Acredito que o livro cumpre o papel de nos mostrar como seria assustador um mundo sem livros e pensamentos críticos. Além disso, o final da obra é interessante e realista.
Recomendo muito a leitura.
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