Documentários

La Casa de Papel: El Fenómeno – o documentário

A 4ª temporada de La Casa de Papel chegou na Netflix e junto com ela chega também o documentário “La Casa de Papel: El Fenómeno”.

Tenho algo a dizer sobre o documentário: incrível! Vamos conferir os motivos.

Quando terminei de assistir a quarta temporada quis continuar na mesma vibe e por isso embarquei no documentário. Pois me surpreendi muito e encontrei muitas dicas sobre como contar histórias e que podem ser adaptadas para a escrita, que é o meu foco de interesse.

O documentário começa com o aviso de que contém spoilers da quarta temporada, mas aqui teremos um resumo livre de spoilers.

Como tudo começou

É a história de um fracasso.

Javier Gómez Santander – roteirista e coprodutor executivo

La Casa de Papel começou como uma série de TV nacional. A 1ª foi bem recebida, mas a 2ª foi um fracasso e a equipe inteira achou que era o fim.

Então a Netflix comprou e colocou no catálogo internacional. Sem campanha de divulgação nem nada especial.

Ninguém do elenco ou da produção tinha grandes expectativas, nem a própria Netflix. De repente, BUM!!

Os atores começaram a ganhar seguidores do mundo todo, famosos e anônimos passaram a se fantasiar e a máscara de Dalí virou um símbolo em protestos nas ruas, junto com a música Bella Ciao.

Então veio o convite da Netflix: “ei, que tal continuar essa história?”

Assim, uma série nacional, mas que sempre foi pensada no público mundial, ganhou novas aventuras.

1º aprendizado: faça o que pode (pequeno), mas pense onde quer chegar (grande).

Mas por que La Casa de Papel fez tanto sucesso? O documentário responde, e, segundo ele, foram 8 pontos:

1 – Ter paixão

Personagens reais, com muitos erros, falhas, emoções e reações. Personagens tipicamente latinos.

As pessoas se apaixonam por personagens.

O coração é o fator que diferencia a série.

Pedro Alonso – ator que interpreta Berlim

2 – Ser imprevisível

Ter personagens fortes e reais também significa ter personagens que podem tomar decisões que ninguém espera.

Por exemplo, o Professor é um nerd sem traquejo social, um tipo de sociopata. E é impressionante que essa pessoa tenha bolado um plano genial para assaltar a Casa da Moeda.

Tóquio é outra personagem da qual nunca se sabe o que esperar.

Combinar coisas comuns com reviravoltas inesperadas é uma fórmula que funciona bem

Álex Rodrigo – diretor

3 – Ter empatia

Essa é uma história que gera tanta empatia que o público chega a amar o vilão da história.

O povo não bate bem da cabeça (risos).

Pedro Alonso – ator que interpreta Berlim

Ter pouca tensão em uma história é chato e, para isso, não há nada melhor que um vilão que gere empatia.

4 – Ser inclemente

Nenhum personagem é sagrado, qualquer personagem pode estar na corda bamba.

Esse segredo nós conhecemos bem! Outro exemplo de sucesso a partir dessa ótica é Game of Thrones, onde, literalmente, qualquer um podia morrer.

O fator da inclemência faz com que o espectador (no nosso caso, leitor) fique grudado acompanhando para saber quem vai morrer, quem vai perder tudo, quem vai se machucar e etc.

5 – Humor negro

Amoo!! rsrs

Rir em momentos de desgraça alivia a situação e é um tipo de humor com grande aceitação (por incrível que pareça).

Isso significa que você zoar um refém que está sob a mira da sua arma.

Arturo é o mais humano. E ficamos muito bravos quando vemos nossas vergonhas refletidas.

Enrique Arce – ator que interpreta Arturo

De fato, Arturo é aquele personagem que não pode ver uma vergonha que já quer passar.

6 – Veracidade

Temos que inventar algo que funcione de verdade, baseado em informações disponíveis.

Por exemplo, como entrar no cofre da Casa da Moeda.

A resposta é: pesquisa, pesquisa e pesquisa!

7 – Símbolos

Ao criar uma história, crie também iconografia própria. Esse é o grande valor da história.

Hino: Bella Ciao
Escudo: máscaras
Cor: vermelho

Note que a cor escolhida, vermelho, é uma cor associada ao nervosismo, ao perigo e à paixão. Então, note também que os símbolos precisam ter um explicação lógica e sentido para a história.

O trabalho artístico dessa série é espetacular.

Esther Acebo – atriz que interpreta Mônica

Sendo assim, a simbologia faz o público se envolver. Quando tem um forte significado então é caminho para o sucesso.

Toda essa iconografia foi um dos motivos, talvez o mais importante, do sucesso internacional.

Jésus Colmenar – diretor e produtor executivo

Se fizesse com roupas normais, sem máscaras e Bella Ciao tenho certeza de que não teria o mesmo impacto.

Najwa Nimri – atriz que interpreta Sierra

Portanto, podemos concluir o quanto os símbolos de uma história são realmente importantes!

As pessoas precisam de símbolos e esses são fáceis de recriar e repetir. As pessoas se fantasiam por um motivo ou outro, mas por trás sempre está a luta contra o sistema.

Koldo Serra – diretor

8 – Viva no limite

Um fator incrível de La Casa de Papel é que ela foi escrita junto com a filmagem.

O motivo é que eles tinham muitas ideias no pós-produção dos episódios, então era mais fácil reescrever uma cena antes da próxima gravação que regravar a cena pronta.

Sempre no limite. É quando acontecem coisas interessantes.

Migue Amoedo – diretor de fotografia e coprodutor executivo

Parece loucura, mas o diretor estava com um sorriso enorme no rosto ao dizer isso, após gravar uma cena incrível.

Na escrita podemos ver isso como: conheça seu público e esteja pronto para mudar seu enredo.

E saia da sua zona de conforto.

Nós damos o sangue em cada cena que gravamos para que o publico se divirta.

Alex Pina – roteirista e produtor

As histórias são infinitas e as pessoas querem que sejam contadas.

Esther Martinez – cocriadora e produtora executiva

Então, essas foram as lições que aprendi sobre contar boas histórias. Gostei muito e já quero começar a colocar em prática na minha escrita (que você pode conferir aqui).

Me conta o que achou e se gosta de documentários.

Beijos e até mais.

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